Estudo revela desigualdade no impacto da dengue e chikungunya

Douglas baltazar • 22 de outubro de 2025

Negros e indígenas perdem mais anos de vida com as duas doenças

Como a dengue e a chikungunya afetam diferentes populações em contextos vulneráveis no Brasil?

Esse foi o tema central de um estudo inédito realizado pela Fiocruz em parceria com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa, publicada em uma das principais revistas científicas do Reino Unido, mostra que negros e indígenas têm maior número de anos de vida perdidos nas duas doenças quando comparado com pessoas brancas.

A investigação mostrou ainda que, enquanto negros são os que mais perdem anos de vida pela chikungunya, os indígenas são os que mais perdem anos de vida pela dengue. Thiago Cirqueira Silva, pesquisador associado ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde da Fiocruz Bahia e líder do estudo, relata qual foi a principal motivação para realizarem essa pesquisa.

“Então, um dos objetivos foi ter essa unidade na mesma análise, olhando tanto para dengue quanto para chikungunya. E, além disso, a gente queria também explorar outros tópicos com o que é que estava associado com anos de vida perdidos pós essas doenças, que não tinha nada na literatura ainda.”

O estudo utilizou dados de casos notificados das duas doenças no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. A análise foi feita levando em conta os fatores de risco, idade, gênero e comorbidades.

O pesquisador destaca que a investigação também mediu os anos de vida perdidos de pessoas com essas doenças, revelando um impacto desigual da dengue e da chikungunya por região geográfica e raça. Em ambos os casos, os dois grupos morrem, em média, 22 anos antes do esperado, se comparados a pessoas brancas.

“Se aquela pessoa não tivesse contraído a doença, considerando a expectativa de vida para uma pessoa daquela idade, quantos anos ela perdeu por ter morrido por dengue ou chikungunya?”

As recomendações do estudo incentivam políticas públicas de saúde que combatam desigualdades estruturais presentes no país.

Edição:

Rádio Educadora da Bahia / L Pedrosa


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Por Douglas baltazar 31 de outubro de 2025
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